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14 de junho de 2011

51 ANOS DE EMANCIPAÇÃO DE SANTANA DO MUNDAÚ E OS DESAFIOS PELA SOBERANIA POLÍTICA


 Por: Nilo Miranda

Oficialmente, Mundaú-Mirim foi elevado à categoria de município através da Lei estadual nº 2.245, em 14 de junho de 1960, numa área de 224km² (IBGE), e isto se configura como marco importante, pois é só a partir da sua promulgação que ocorreu de fato a legitimidade do reconhecimento da identidade de  um povo. Desde então deixou de fazer parte da área de terras de União dos Palmares e passou a ter o seu próprio território.
Partindo da denominação “Mundaú-Mirim”, vamos arriscar uma interpretação compreendendo o seu sentido como “local caracterizado pelo encontro dos rios Mundaú e Mirim”. Não bastava, tão somente, se desmembrar oficialmente de União dos Palmares, mas constituir a própria autonomia, daí, entre a opção de Santana do Mirim e fazer parte das águas do rio Mundaú, estrategicamente optou-se por se identificar com o rio principal, na tentativa de deixar para trás o sentimento de mirim, seja por estar associado ao nome de um rio secundário, como pelo próprio significado da palavra “pequeno”.
Independentemente do modo de compreensão, a idéia de Mundaú-Mirim é rompida pelo espírito progressista dos principais líderes do movimento da emancipação “in memória Augusto Cavalcante Lins e Manoel Francisco da Silva que se articularam e superaram as dificuldades políticas da época.
Neste pouco mais de meio século de história, Santana do Mundaú passou por uma significativa transformação - muitas vezes, despercebida pelas pessoas que chegam a imaginar que o tempo parou por aqui - como exemplo da mudança é possível citar o acesso antes feito por ‘picadas’ e hoje por meio de estradas e  rodovia asfaltada; da agricultura de cana-de-açúcar e algodão para produtor de destaque com a laranja lima; dos serviços de telefonia do posto da Telasa para a popularização do celular; das correspondências unicamente por meio de carta para os instantâneos e-mails, da TV no coreto da praça para as parabólicas e TV por assinatura, enfim, não há comparação, o modo de vida é outro.
Mas a questão central a ser colocada como ponto de reflexão é outra, trata-se de que: "assim como o rio Mirim está para o rio Mundaú, Santana do Mundaú ainda está para União dos Palmares após 51 anos de sua emancipação".
Os ideais contidos no processo de desmembramento de União dos Palmares não resultaram num município autônomo “dono de si”. Dependemos de quase tudo, (bancos, hospital, simples exames, escolas, órgãos de justiça, destacamento policial... do iogurte, da pipoca e da cópia de xérox), esses últimos itens como forma de ilustrar nossa dependência, e assim chegamos, muitas vezes, a nos comportar como um vilarejo.
Porém, não são exatamente estes aspectos que fazem o “Mirim está para o Mundaú”, apenas percebemos por meio deles o resultado de uma atuação política local submissa aos agentes políticos externos. Sendo, portanto, esta falta de soberania política que impediu o desempenhar do rio principal. Em boas palavras, a submissão política que se deu no processo histórico de Santana do Mundaú é a questão central e crucial, cujos reflexos se encontram no fraco crescimento econômico e na baixa qualidade de vida da maioria da população. Não admitir tal evidência é não querer enxergar a mais absoluta das verdades.
A falta de soberania política implicou numa Santana do Mundaú maculada por farto histórico de corrupção e impunidade que comprometeram o desenvolvimento como um todo, de tal maneira que não se justifica dispormos de enorme potencial agrícola familiar e comercial, agroecológico, turístico, cultural, micro empresarial e industrial, pecuária bovina, ovinocultura, piscicultura, avícola, entre outros e ainda se encontrar mergulhado em vergonhosos índices sociais e pouca expectativa em relação ao futuro dos seus 10.961 habitantes.
É preciso agir como rio principal e fazer o seu próprio percurso. Promovendo assim, a verdadeira emancipação e para isso é preciso uma outra emancipação, a de reconhecermos a grandeza da capacidade que possuímos em superar os mais temidos desafios e construir por meio desta força, que é Divina, a nossa própria história para comemorar no dia 14 de junho e em todos os outros dias do ano.

NILO MIRANDA
ASSOC. COMERCIAL DE SANTANA DO MUNDAÚ

2 comentários:

  1. Nilo, gostei imensamente do seu artigo. Você fez uma passagem ao passado e ao presente da nossa querida Santana do Mundaú.Viva a nossa Santana do Mundaú com mais dignidade, com mais justiça...

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  2. Realmente Miranda, nossa Santana do Mundaú apesar de já ter em história de emanciapaçao políica 51 anos, ainda não passa de uma criancinha que não consegue sequer andar com suas próprias pernas, que é uma pena. Pois sabendo o que de fato dificultou e dificuta até hoje esse desenvolvimento. Como você ressalta muito bem, que "A falta de soberania política implicou numa Santana do Mundaú maculada por farto histórico de corrupção e impunidade que comprometeram o desenvolvimento como um todo".

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